Natação traz benefícios ao corpo todo – com impactos especiais no cérebro

por Redação 7 Leitura mínima

Quando pensamos nos benefícios da natação para a saúde, em geral associamos a prática do esporte ao sistema cardiorrespiratório. De fato, a natação exercita vários grupos musculares, melhorando o condicionamento físico, a circulação sanguínea, a eficiência do coração e a capacidade pulmonar. O que nem todo mundo sabe é que a atividade também traz vantagens especiais para o cérebro.

E não é preciso ser um atleta olímpico para colher os benefícios: o importante é nadar.

Natação é considerada uma atividade completa, e que proporciona efeitos positivos particularmente no cérebro. Foto: PoppyPix/Adobe Stock

Isso acontece porque a combinação do esforço físico com o relaxamento proporcionado pela água promove a liberação de endorfinas, substâncias que reduzem o estresse e a ansiedade, melhorando o humor e a atenção, e ampliam a sensação de bem-estar.

A natação ainda aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro, favorecendo a vascularização. Esse processo beneficia a neuroplasticidade e contribui para o fortalecimento das conexões entre os neurônios, o que aumenta a capacidade de aprendizado e as funções cognitivas – particularmente aquelas ligadas à memória.

Patricia Esther Fendrich Magri, professora de natação e esportes aquáticos da Universidade da Região de Joinville (Univille), explica que o fato de a atividade ser realizada em um ambiente que não é nosso habitat natural faz com que precisemos aprender movimentos específicos, o que ativa o cérebro.

Essa adaptação considera três elementos fundamentais:

  • Equilíbrio: Saímos da posição de deslocamento vertical para um deslocamento na horizontal;
  • Respiração: No ambiente aquático, inspiramos pela boca e expiramos pelo nariz prioritariamente, o contrário do que normalmente ocorre em ambiente terrestre;
  • Propulsão: O principal agente de deslocamento na água são os membros superiores, enquanto em terra são os membros inferiores.

“Quando uma pessoa começa aprender a nadar, o primeiro ponto é a adaptação a esse novo ambiente. Os esforços para essa especificidade exigem recursos cognitivos e motores para além do que realizamos diariamente em terra. Desta forma, a natação estimula o desenvolvimento humano tanto em aspectos físicos, cognitivos, motores e emocionais, pontos essenciais para a saúde do cérebro”, descreve Patrícia.

E isso vale até mesmo para aqueles que já sabem nadar, já que durante o exercício o cérebro precisa realizar outras atividades que também exigem concentração, como a contagem da distância a ser nadada, memorização da sequência dos movimentos e a atenção para permanecer no seu espaço sem ultrapassar o da pessoa que está nadando na mesma raia, por exemplo.

“Todos esses estímulos associados favorecem a manutenção e a melhora das funções cerebrais”, afirma a professora.

Exercício completo

A natação é um dos esportes mais tradicionais e populares do globo – milhões de pessoas no mundo a praticam de forma regular (tanto de forma recreativa como para competição e performance). A vantagem é que ela pode ser feita por pessoas de todas as idades e níveis de condicionamento físico – de bebês a idosos.

A natação ativa a circulação sanguínea, exige maior controle respiratório e é classificada como um exercício aeróbico sempre que praticada em intensidade moderada, por períodos mais longos, com frequência cardíaca entre 60% a 80% da frequência máxima. Ela compreende a aprendizagem do nadar e quatro estilos: crawl, peito, costas e borboleta.

“Chamamos a natação de esporte cíclico, pois toda sua movimentação se repete em ciclos que podem variar de acordo com o tempo, o volume e a intensidade. Em terra, dizemos que a caminhada e a corrida também são exercícios cíclicos”, explica Patrícia, frisando que a natação deve ser feita sempre sob orientação de um profissional de educação física, pois esses parâmetros (volume, intensidade, frequência cardíaca) precisam ser monitorados.

Não existe uma frequência ideal específica para a prática. Segundo Renato Barroso, professor do Departamento de Ciências do Esporte da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de forma geral, esse exercício deve ser incluído dentro dos 150 minutos de atividade física moderada semanal recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – e isso pode representar duas ou três aulas por semana, por exemplo. “A pessoa não precisa praticar somente natação, ela pode fazer outras modalidades esportivas, como corrida e ciclismo. O importante é fazer o esporte e cumprir a recomendação de 150 minutos por semana”, pondera.

Por ser uma modalidade esportiva sem impacto, a natação é particularmente vantajosa para pessoas com problemas nas articulações ou de mobilidade. “Como é praticada na água e depende dos braços para o impulso, a maior carga mecânica fica na musculatura dos braços. Isso pode ser um atrativo para indivíduos que sofreram amputação das pernas, por exemplo”, informa Barroso.

Ele comenta ainda que a natação é recomendada a indivíduos com diagnóstico de osteoporose, doença que torna os ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas. Por outro lado, como a atividade não envolve impacto, ela não auxilia na deposição de minerais no tecido ósseo – dessa forma, não é a melhor opção em termos de prevenção do quadro.

Segurança pessoal

Além de todas as vantagens para a saúde, vale destacar também a importância da natação para a segurança das pessoas. Dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) de 2020 apontam que um brasileiro morre afogado a cada uma hora e meia. Considerando o tempo de exposição, o afogamento tem um risco 200 vezes maior de morte do que acidentes de transporte – daí a importância de saber nadar.

“Quem sabe nadar e aprende a respeitar seus limites, identificar perigos e se sustentar (estar no espaço aquático na posição vertical ou horizontal sem colocar os pés no chão e com controle respiratório), tem menos riscos de afogamento. Sendo assim, quanto mais cedo a prática da natação for iniciada – de preferência, na infância – , mais recursos a pessoa terá para enfrentar adversidades no espaço aquático”, frisa Patricia.

Fonte: Externa

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