O presidente da França, Emmanuel Macron, voltou a criticar a possibilidade de um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Na avaliação dele, o tratado está sendo feito com base num texto de “20 anos atrás”, que passou apenas por “pequenas mudanças”. Macron chamou de “loucos” os presidentes que estão considerando validar essa negociação.
A afirmação foi feita após reunião bilateral entre Macron e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto. Os dois têm trocado afagos, nos últimos dias, quando ambos cumprindo agendas conjuntas no Pará e Rio de Janeiro. Mas o clima de proximidade não evitou que Macron voltasse a criticar acordo entre os dois blocos econômicos, que conta com o apoio de Lula.
Macron deu a entender que, por ser um texto “antigo”, o acordo comercial contraria as negociações que buscam descarbonizar as economias. Em seguida, o presidente francês fez um aceno a agricultores do seu país que têm protestado contra o fechamento dessa negociação.
“Nós, europeus, temos o texto mais exigente do mundo em relação a desmatamento e descarbonização. Pedimos aos nossos agricultores e industriais que façam transformações históricas. Mas vamos abrir para produtos que não respeitam estes acordos? Somos loucos? Não vai funcionar”, enfatizou.
As afirmações de Macron fazem referência ao fato de que o acordo entre Mercosul e União Europeia vem sendo negociado desde 1999, ou seja, há 25 anos. A negociação quase foi concluída em 2019, mas não chegou a ser ratificada por nenhum dos lados.
Sobre a posição francesa, Lula minimizou. “O Brasil não está negociando com a França, é o Mercosul que está negociando com a União Europeia. É um acordo comercial entre dois blocos comerciais”, disse.
“Depois da decisão da União Europeia, o Macron tem que brigar é com os negociadores da União Europeia e não com o Brasil. O Brasil vai brigar com o Mercosul [para fechar o acordo]”, explicou.