O reajuste mediano de salários obtido via negociação coletiva em fevereiro chegou a 5%, de acordo com o boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O avanço ficou acima dos 3,8% registrados pelo INPC no mesmo período e foi o 15º mês em que os trabalhadores alcançaram reajustes reais nos proventos. Sequência como essa não era atingida desde julho de 2018.
A prévia de março destaca um reajuste mediano de 5,5% nos proventos e 94,4% das negociações com ganhos acima do INPC.
Hélio Zylberstajn, coordenador do Salariômetro, explica que o INPC tem ficado abaixo do IPCA e que isso ajuda nas negociações dos trabalhadores com as empresas.
“A inflação está muito baixa e quando a inflação está baixa, as empresas conseguem dar o ajuste acima da inflação”, descreve. Atualmente, o IPCA está em 4,50%.
Entre as regiões, o Sudeste registrou o maior ganho real (3,18%), seguido do Norte (1,79%). Centro-Oeste e Nordeste tiveram reajuste real de 1,29% e o Sul teve ganho de 1,20% no período.
O maior destaque foi para a Construção Civil, que teve 3,2% de reajuste mediano. Em seguida aparecem a Agropecuária (2,2%) e Serviços (2,2%) — Comércio e Indústria, ambos com 1,3%, concederam os menores reajustes.
Segundo o Zylberstajn, esses aumentos também estão ligados ao momento de ano eleitoral que o país passa.
“O dinheiro circula mais, os candidatos que estão eleitos, os prefeitos, costumam acelerar as obras, então a economia gira mais e isso aumenta a demanda de trabalho. Isso favorece e dá poder de barganha para os trabalhadores, é um ingrediente a mais para conquistar reajustes maiores”, revela.
Conforme a pesquisa, o piso mediano do salário em fevereiro ficou em R$ 1.488,00, 5,4% acima do salário mínimo.
