Estratégia ESG ganha relevância nas empresas, mas conseguir dinheiro para as ações é desafio | ESG

por Redação 9 Leitura mínima

Os líderes corporativos passam, hoje, por desafios complexos, tais como lidar com crises econômicas, geopolíticas, de suprimentos e, ainda, atender às novas exigências de consumidores, investidores e funcionários. Mas, uma pesquisa feita pela empresa de tecnologia IBM com 5 mil executivos globais de C-Level em 22 setores e 22 países, incluindo o Brasil, mostra que as práticas ESG (sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança corporativa) estão sendo incorporadas, mas conseguir dinheiro para implementá-las ainda é apontado como um desafio.

Um terço (35%) dos executivos entrevistados no Brasil também disseram que alcançaram progressos significativos na execução de suas estratégias de sustentabilidade, um resultado bem acima dos 7% do relatório anterior, do ano passado.

Carlos Tunes, Líder de Soluções de Sustentabilidade da IBM Brasil, comenta que o estudo deixa perceptível que as empresas estão em diferentes níveis de maturidade no jornada de sustentabilidade. Para ele, o termo “sustentabilidade” é mais adequado por ser mais abrangente e equilibrar as preocupações ambientais e sociais com o desenvolvimento econômico.

Boa parte de todos os entrevistados observa benefícios de implementar processos sustentáveis dentro de suas operações. Eles veem melhores impactos e resultados financeiros enquanto gastam menos dinheiro do que seus pares.

O estudo traz como exemplo que as empresas que implementam a sustentabilidade mais profundamente em suas operações são 117% mais prováveis de atribuir uma melhora em suas receitas a partir de seus esforços de sustentabilidade e são 96% mais prováveis de ultrapassarem seus pares em rentabilidade no Brasil.

Porém, outra parte da pesquisa deixa claro que transformar ambições em impacto continua a ser um desafio. Quase metade (48%) dos brasileiros dizem que os benefícios do negócio são essenciais para justificar investimentos em sustentabilidade, mas apenas 18% afirmaram que atender os objetivos em si é suficiente para justificar os investimentos.

No mundo, esses resultados são semelhantes – 53% veem benefícios, mas só 17% os consideram suficientes para justificar o investimento no orçamento. Isso mostra que o desafio de garantir os recursos necessários para implementar a agenda de ações é uma queixa global e não característica apenas das empresas brasileiras.

“Esse desafio é global, e se deve tanto pela especificidade das regulamentações macroeconômicas como pelo impacto das próprias empresas na economia, com características e regulamentações diferentes que impõem um desafio adicional”, diz Tunes. É por isso, diz, que a maioria das empresas entende que a sustentabilidade é uma prioridade, mas também um desafio.

Para corroborar isso, o levantamento da IBM aponta que 40% dos executivos brasileiros enfrentam obstáculos para financiar investimentos de sustentabilidade. Seis em 10 contam que isso se deve ao fato de que precisam fazer trade-offs entre resultados financeiros e de sustentabilidade.

“A abordagem de sustentabilidade de uma uma organização pode deter seu avanço. No Brasil, os gastos em relatórios de sustentabilidade excedem os gastos de inovação em sustentabilidade em 46%. Não há uma correção rápida, pois a sustentabilidade requer intencionalidade” disse Tunes.

O executivo também comenta que, diferentemente do que muitos gestores acreditam, quando as práticas sustentáveis são incorporadas na organização, especialmente com inovação e digitalização, isso pode reduzir custos. “Projetos de transformação com redução de energia, papel, otimização de processos apuram ganhos financeiros operacionais para a organização e em algumas vezes torna o projeto autossustentável.”

Além disso, também traz maior transparência. “Quanto maior a transparência e credibilidade dos dados e insights de sustentabilidade da empresa, maior confiança e melhor taxas às organizações obter no mercado de captação, por exemplo”, diz Tunes.

A pesquisa da IBM mostra que se as organizações mudarem a forma como operacionalizam a sustentabilidade, poderão aumentar significativamente o valor de negócio. Para o executivo, implementar práticas sustentáveis significa integrá-las ao longo de todas as unidades de negócios e não mantê-las como ações isoladas, de áreas específicas. “Isso impulsiona um maior impacto a partir da inovação, do talento e do meio ambiente para os resultados financeiros”, comenta.

“Fazer sustentabilidade” não significa, necessariamente, ser mais sustentável, pondera. Tunes acredita que as ações sustentáveis precisa abrir caminho para um novo modelo de fazer negócio, que dê resultados financeiros positivo, mas também traga impacto positivo e sustentável para a sociedade e meio ambiente. “Isto não é uma trade-off.”

Ele explica que, em geral, apesar de as empresas acreditarem que podem gerar valor com sustentabilidade colocando ações geralmente defensivas e reativas para atender aos requisitos de compliance ou destinando os assuntos de sustentabilidade a projetos específicos ou departamentos específicos, não é a maneira mais adequada de atuar. Para ele, a geração de valor passa por ancorar a sustentabilidade na estratégia corporativa, de forma que seja vista de forma holística e suas práticas incorporadas em várias unidades do negócio.

Entre os resultados, chama ainda a atenção do executivo a baixa adesão de empresas brasileiras a tecnologias que podem ajudar na tarefa de medir e executar práticas ESG. Apenas 30% dos executivos entrevistados no Brasil relataram que estão incorporando dados e insights de sustentabilidade para melhorias operacionais em grande medida, enquanto 17% dizem fazer isso com iniciativas de inovação em sustentabilidade.

“Esta diferença de percentuais é uma oportunidade. Temos visto uma lacuna entre a ambição e a ação real de sustentabilidade. Inovação, digitalização são elementos que desbloqueiam o potencial da sustentabilidade com velocidade e alto impacto”, comenta Tunes. Para ele, inovação ou transformação digital pode gerar melhoria da eficiência, redução de riscos, redução de custos e há orçamento nas empresas para isso.

Porém, um número bem maior deles – 53% – concorda que a IA generativa será importante para seus esforços de sustentabilidade. O copo meio cheio é que a grande maioria espera usar mais ferramentas do tipo no futuro: 75% afirmaram que planejam aumentar seus investimentos em IA generativa voltados para a sustentabilidade.

“Este estudo ressalta a urgente necessidade das organizações de integrar os objetivos de sustentabilidade dentro de suas estratégias de negócios no Brasil”, diz Tunes. Ele também chama a atenção para a aplicação de tecnologias como IA para alcançar maiores progressos e lucratividade. “O relatório também serve como um recurso para ajudar lideranças, destacando estratégias, com o objetivo de ajudar as empresas com desafios em torno de dados, integração de negócios e tomada de decisões”, conclui.

Veja as principais respostas dos executivos do Brasil neste estudo da IBM:

  • 79% dos executivos entrevistados no Brasil concordam que a sustentabilidade gera melhores resultados de negócios.
  • 79% das lideranças concordam que a sustentabilidade é central para suas estratégias de negócios.
  • 69% dos executivos afirmam que a sustentabilidade precisa ser uma prioridade maior em suas organizações.
  • 84% deles concordam que a alta qualidade e transparência dados de são necessários para alcançar melhores resultados.
  • 39% também citam a falta de habilidades necessárias para o progresso da sustentabilidade.
  • 48% das organizações brasileiras dizem que os benefícios do negócio são essenciais para justificar investimentos em sustentabilidade; apenas 18% afirmaram que atender os objetivos em si são suficientes para justificar os investimentos.
Carlos Tunes, Líder de Soluções de Sustentabilidade da IBM Brasil — Foto: IBM Brasil/ Divulgação

Fonte: Externa

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