O GPA, dono da rede Pão de Açúcar, obteve, na quarta-feira (10), aval de 92,9% de seus credores para a alteração no controle acionário da empresa, sem que isso antecipe o vencimento da dívida de R$ 500 milhões em aberto com estes investidores.
Esses 92,9% representam 26,24% dos CRIs em circulação. Os votos contrários atingiram 2,06% dos investidores presentes, ou 0,58% dos papéis em circulação — o percentual restante se refere a abstenções.
A concessão do “waiver” (perdão temporário) ocorreu mediante o pagamento de prêmio aos titulares de CRI. Esse prêmio corresponderá a um percentual de 0,35% ao ano, incidente sobre o saldo do valor nominal unitário dos certificados da respectiva série, multiplicado pela duração remanescente dos CRIs.
Trata-se de uma emissão de R$ 750 milhões ocorrida em 2023, e cujo saldo devedor atinge R$ 500 milhões.
Como o Valor Pro informou na segunda-feira (8), após a oferta pública de ações do GPA no valor líquido de R$ 673,4 milhões, a forte diluição do controlador Casino levou a empresa a ter de negociar com credores mudanças em termos de contratos de dívida, para evitar que eles pedissem vencimento antecipado do saldo devedor.
Com a emissão, a rede deixa de ter um acionista controlador e passa a ter controle acionário disperso na bolsa. Os franceses do Casino reduziram sua posição de 40,9% das ações (que dava poder de controle à empresa) para 22,5% da varejista nacional, dona do Pão de Açúcar.
Fontes ouvidas pela reportagem já haviam antecipado, na segunda-feira (8), que havia espaço para negociação.
O GPA havia informado, no último formulário de referência enviado à Comissão de valores Mobiliários (CVM), que, se não obtivesse o aval até a data da posse do novo conselho de administração da rede, iria utilizar parte dos recursos líquidos da oferta de ações para pagar o saldo de R$ 500 milhões.