Países asiáticos, como Índia, Indonésia, Taiwan e Tailândia, também ascendem no ranking. Em especial, a economia indiana tem se destacado nos setores automobilísticos, farmacêuticos, têxteis e eletrônicos.
O professor de História Econômica Leonardo Weller, da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (EESP/FGV), destaca o dinamismo dessas nações desde os anos 1980. Como já eram pobres, a capacidade de crescimento mediante investimento é maior do que nações já desenvolvidas.
“Tem outro fator que, olhando o PIB total, quem se destaca são os países grandes, com população grande. Mas, se olhar a renda per capita, não é tão grande, principalmente porque a população é gigantesca”, observa Weller.
Veja quais são as 50 maiores economias do mundo, segundo o FMI:
Em um 2024 marcado por desastres climáticos, como as cheias que deixaram o Rio Grande do Sul debaixo d’água em maio e as enchentes em Valência, na Espanha, no final de 2024, o Banco Mundial estima que essa será a pior meia década em termos de crescimento do PIB global. Pesa nessa avaliação as tensões geopolíticas em diferentes pontos do globo — guerra da Ucrânia contra a Rússia e conflito Israel x Hamas, por exemplo.
“A gente tem um cenário de globalização onde os países, principalmente suas economias, são muito interligados e, mesmo não tendo uma relação direta entre os países, você tem relações indiretas de comércio, de troca de serviços e coisas desse tipo, que acabam envolvendo basicamente todos os países quando há algum conflito”, explica o professor Joelson Sampaio, economista da EESP/FGV.
O FMI reconhece que a economia mundial está em uma situação melhor, quando comparado a 2023. No entanto, o crescimento deve desacelerar pelo terceiro ano consecutivo. A projeção é que varie de 2,6% para 2,4% neste ano, sendo que:
- Economias avançadas devem crescer 1,2%;
- Economias em desenvolvimento devem crescer apenas 3,9%;
- Países de baixa renda devem crescer 5,5%, menos do que o esperado.
As 10 maiores economias do mundo
A principal e maior economia do mundo é também a mais dinâmica. Os Estados Unidos são ativos na agricultura, silvicultura, pesca e caça; na mineração, construção e fabricação; no comércio atacadista e varejista, assim como no transporte e armazenamento, informação, finanças e serviços profissionais e empresariais diversos.
O economista Joelson Sampaio, da FGV, cita a maturidade americana como responsável pelo desempenho de décadas.
“Os Estados Unidos têm uma economia bastante sólida por muito tempo e isso tem relação com o acesso que o país tem a recursos naturais, a uma boa infraestrutura interna, ao alto nível de produtividade da força de trabalho. Foi um país que investiu muito em educação e isso aumenta a produtividade. Esse aumento de produtividade se reflete sempre em mais crescimento econômico”, destaca.
Na agricultura, as principais culturas são milho, soja, carne bovina e algodão. Na indústria, destaque para a produção de máquinas, produtos químicos, alimentos e automóveis, além do setor farmacêutico e aeroespacial.
Os Estados Unidos são o terceiro maior produtor mundial de petróleo, e o maior produtor de gás natural liquefeito, alumínio, eletricidade e energia nuclear. Por outro lado, a potência americana está mesmo nos serviços, que representam 77,6% do PIB.
Nos últimos anos, a economia americana tem apresentado desempenho forte, apesar da desaceleração do crescimento de 2,9% em 2023 para 2,8% em 2024, e projeção de 2,2% para 2025. Os cálculos são do FMI.
O fundo aponta a superação dos danos decorrentes da pandemia de covid-19. A oferta de emprego tem aumentado desde o final de 2020, apesar da desigual distribuição de renda e pobreza; o ritmo de redução do balanço da reserva federal diminuiu; e a inflação deve voltar à meta em breve.
A despeito do cenário atual, os Estados Unidos se consolidaram como um dos maiores importadores e exportadores de bens, e têm o maior mercado consumidor em termos de poder aquisitivo.
A segunda maior economia do mundo é também casa de 1,4 bilhão de pessoas, que vivem sob um governo intervencionista.
Embora seja responsável por mais de um terço do crescimento mundial, a China enfrenta problemas complexos ‘dentro de casa’, como crescimento lento, alta taxa de desemprego entre os jovens e mercado imobiliário em desordem após um colapso da incorporadora Evergrande.
Em 2023, a economia chinesa cresceu 5,2%, mas ainda dependente de investimentos do governo. A previsão para 2024 é de crescer 4,8%.
O ponto forte da economia chinesa é mesmo a agricultura. A China é líder mundial em produção de soja, arroz, milho e trigo. A produção de grãos, em geral, deve superar o recorde de 700 milhões de toneladas métricas em 2024.
Essa característica, no entanto, não impede o país de se desenvolver na indústria e nos serviços. A China se tornou um dos principais países exportadores de bens de capital, insumos e serviços. Entre eles, se destacam telefones, máquinas de processamento de dados, semicondutores e eletrônicos.
“A China começou investindo na tecnologia, para oferecer produtos chineses mais baratos em outros países. Isso gerou competitividade muito importante no mercado internacional, e explica o crescimento em relação aos outros países”, observa Sampaio.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil, especialmente em soja, carne bovina, celulose, milho, açúcar e carne de aves. Em 2023, as vendas para o país asiático superaram US$ 100 bilhões pela primeira vez.
O país tem em seu portfólio de parceiros comerciais os Estados Unidos, Hong Kong, Japão, Coreia do Sul e Vietnã.
A desaceleração no crescimento mundial não poupou a terceira maior economia do mundo e a maior da União Europeia. A Alemanha viu a inflação aumentar em 2022, após o corte do fornecimento de gás russo, assim como redução nos salários e no consumo.
A resposta do governo alemão à crise energética mitigou os efeitos sobre a vida da população, estimada em 84,8 milhões de pessoas.
O sucesso da Alemanha também é observado na indústria, especialmente na automobilística, considerada a mais forte do país. A atividade industrial também é potencializada pela engenharia mecânica, equipamentos elétricos e eletrônicos e produtos químicos.
Outra característica da economia alemã é o setor de pequenas e médias empresas, reflexo da economia social de mercado. Esse conceito foi desenvolvido no pós-guerra por Ludwig Erhard, e concilia empreendedorismo, mercado livre e equilíbrio social.
Os principais parceiros comerciais da Alemanha são os países da União Europeia, os Estados Unidos e a China.
O país caiu de terceira para quarta economia mundial, após dois trimestres seguidos de contração em 2023. Os reflexos desse momento desafiador ainda são vistos pelos mais de 123,8 milhões de japoneses, que sofrem com aumento no custo de vida e nos preços do mercado interno.
A dificuldade, no entanto, não substitui os pontos-chave da economia japonesa, marcada pela força de trabalho qualificada, sistema educacional de excelência e liderança mundial em tecnologia eletrônica, robótica, automobilística e de equipamentos de alta precisão. O investimento em pesquisa e desenvolvimento impulsiona a criação de novas tecnologias e produtos no país.
O PIB japonês se ancora no setor de serviços, com predomínio de finanças, seguros e imobiliário, além de turismo e hotelaria. A indústria ganha espaço no produto interno bruto quando na robótica, semicondutores e tecnologia avançada.
Na agricultura, o chá e o arroz são as maiores culturas do país. Milho, trigo, soja, cevada, amendoim e aveia também são cultivados em solo japonês.
Mas se de um lado o país se destaca pelo seu desenvolvimento tecnológico de ponta, por outro o crescimento é limitado pelo envelhecimento da população. O Japão tem uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo. Em setembro de 2023, uma em cada dez pessoas tinha mais de 80 anos.
Outro aspecto desafiador da economia japonesa é a dependência de exportações. Também pesa a limitação de recursos naturais e necessidade de importações para gerar energia e obter matérias-primas.
A dinâmica economia da Índia coloca o país no top 5 maiores PIBs do mundo. De um lado, o país domina o setor de serviços, em especial na tecnologia da informação, finanças e terceirização.
De outro, a Índia é também a quarta potência agrícola do mundo, com produção de cereais, cana-de-açúcar, batata, algodão, banana, goiaba, manga e limão, por exemplo. A pecuária faz da Índia o quinto maior produtor de gado bovino e ovino, e o terceiro maior produtor de peixes. As especiarias são igualmente importantes, com destaque para a produção de gengibre e pimenta.
A indústria indiana também tem se fortalecido significativamente, em especial nos setores automobilísticos, eletrônicos, têxteis e farmacêuticos. A indústria de transformação é considerada pilar na economia do país.
Além do desempenho em diferentes atividades econômicas, a Índia ainda tenta se tornar um centro de inovação e empreendedorismo, com investimento do governo no ecossistema de startups. A expectativa é que, entre 2024 e 2028, a Índia viva crescimento e aproximadamente 6,5% ao ano e se torne a terceira maior economia do mundo até 2032.
No curto prazo, a Índia espera se tornar líder do Sul Global, grupo que abrange países em desenvolvimento da Ásia, África e América Latina.
Apesar das projeções e do desempenho já visto, a Índia também é marcada pelas desigualdades: mais da metade da riqueza do país está nas mãos do 1% mais rico de uma população de 1,44 bilhão de pessoas.
O Reino Unido se recupera de uma leve recessão técnica, em 2023, causada pela fraqueza do consumo das famílias, taxas de juros mais altas e custo de vida elevado. Para compensar, o governo incrementou os gastos e investimentos empresariais pesaram a balança, que hoje assegura alguma otimismo para os britânicos.
Apesar do momento desafiador, a economia do Reino Unido é marcada pelo setor de serviços, que representa 72,2% do PIB. Apesar do Brexit, Londres ainda é o maior centro financeiro da Europa e sede de muitas multinacionais.
A indústria e a agricultura têm baixa participação na produção de riquezas do país, apesar da atividade industrial farmacêutica, aeroespacial e de extração mineral.
Do ponto de vista da balança comercial, o Reino Unido exporta principalmente petróleo bruto, geradores de energia mecânica, produtos farmacêuticos e automóveis. Seus principais parceiros comerciais são Estados Unidos, Países Baixos, Alemanha, China e Suíça.
A população do Reino Unido é estimada em aproximadamente 68,4 milhões de pessoas.
A economia francesa se recupera, após uma das mais fortes contrações entre os países da União Europeia devido à pandemia de covid-19. Segundo observa o Fundo Monetário Internacional, a recuperação da França deve se firmar após crescimento de 0,9% já em 2024.
A projeção é reflexo da política monetária, dos investimentos e do poder de compra das famílias. Cerca de 66,1 milhões de pessoas vivem na França.
Forte destino turístico e palco dos Jogos Olímpicos de 2024, a França tem no setor de serviços a principal alavanca do seu PIB: cerca de 70% do produto interno bruto é dominado por comércio, transporte e turismo. A indústria representa 20%, enquanto a agricultura responde por cerca de 3% do PIB francês.
Apesar da menor fatia, a produção agrícola do país faz da França responsável por quase um quarto do que a União Europeia produz.
Na balança comercial, a França tem como principais compradores Alemanha, Itália e Estados Unidos, que buscam por produtos químicos e agrícolas, além de veículos e maquinários.
Embora seja a oitava economia do mundo, a Itália tem enfrentado um momento desafiador. Segundo o FMI, a dívida do país em 2024 irá superar o recorde anterior, registrado logo após a Primeira Guerra Mundial.
A avaliação do fundo é que o país ainda não conseguiu se recuperar da pandemia de Covid-19, apesar do bom desempenho no período de crise. A Itália se tornou a segunda maior afetada pelo vírus, em especial a região da Lombardia.
Apesar do momento complexo, as atividades econômicas são bastante demarcadas na Itália. O norte do país é conhecido pelas indústrias e manufaturas, enquanto no sul predomina a agricultura.
Turismo, transporte, alimentação e hospedagem alavancam o PIB italiano, correspondido a 73,9% do volume produzido no país. Na indústria (23,9% do PIB), destaque para o automobilismo, têxtil e metalurgia.
A agricultura responde a 2,1% do produto interno bruto italiano. Neste caso, a produção tem como matérias-primas uvas, azeitonas, maçãs, laranjas, trigo, arroz, milho e leite.
A população da Itália está estimada em 58,9 milhões de pessoas.
O país é também o segundo maior em extensão territorial, onde acomoda 41,1 milhões de pessoas. Hoje a nona economia do mundo, o país tem vivido um momento suave: a inflação caiu quase até a meta, uma recessão foi evitada e o PIB cresceu com o aumento da imigração, mesmo que a renda per capita tenha diminuído.
O Canadá tem grande força no comércio, com predomínio do setor de serviços e exportação de energia, alimentos e minérios. A riqueza mineral do solo canadense, aliás, é apontada como a principal responsável pelo desenvolvimento econômico do país: há jazidas de ferro, petróleo, gás natural, urânio, ouro, prata, níquel, cobra, zinco, amianto e molibdênio, por exemplo.
Entre os setores que sustentam a economia canadense, destaque para a agropecuária altamente desenvolvida do ponto de vista tecnológico. A produção de cereais, sobretudo o trigo, responde por mais da metade das exportações do segmento.
A indústria também é forte no Canadá, e os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do país. Os principais polos industriais estão em Toronto, Montreal, Vancouver, Ottawa, Edmonton e Québec, com destaque para os setores de metalurgia, celulose, petroquímica, mineração, telecomunicação e têxtil, entre outras.
Com população estimada em 212,5 milhões de pessoas, o Brasil tenta se recuperar da recessão causada pelo governo Dilma Rousseff, entre 2014 e 2016, e do impacto da pandemia de covid-19, em 2020. Segundo avaliação do FMI, a resiliência da economia nos últimos dois anos tem sido notável, com inflação caindo para o intervalo de tolerância da meta.
O crescimento do PIB real em 2023 foi de 2,9%, graças à produção recorde na agricultura e ao setor de serviços. O otimismo permanece neste ano, com exportações de carne bovina alcançando recorde em setembro de 2024: 286.750 toneladas e faturamento de US$ 1,25 bilhão — 7,12% acima do recorde anterior, registrado em julho.
Além da agricultura, o consumo das famílias também se destacou como motor de crescimento do país.
Outra característica da economia brasileira é o investimento estrangeiro. O país é o quinto que mais recebe esse tipo de recurso, segundo ranking da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento.
Apenas no primeiro semestre de 2024, foram anunciados 188 investimentos que totalizam US$ 28,5 bilhões. Os destaques são o setor automotivo, celulose, bioenergia e tecnologia da informação.
“O Brasil é um mix. É um país continental com muitos recursos naturais, que acabam ajudando na parte de energia, agrícola, pecuária. A questão continental também traz população bastante expressiva, e tudo isso acaba sendo diferencial para o país, que poderia crescer ainda mais e ser uma das maiores economias do mundos, estando ali entre as cinco maiores”, avalia Sampaio.