Em um período de um ano desde que Koji Sato assumiu o cargo de executivo-chefe (CEO) da Toyota Motor, a montadora japonesa atingiu novos máximos em avaliação e lucros.
O valor de mercado da Toyota bateu o recorde japonês estabelecido pelo grupo de telecomunicações NTT na era da bolha da economia do país em 1987.
A Tesla, que liderava as montadoras mundiais em capitalização de mercado com US$ 530,6 bilhões na terça-feira, segue cerca de 40% à frente da Toyota, cuja avaliação caiu para 59 trilhões de ienes na quarta-feira (3). Mas a montadora japonesa percorreu um longo caminho desde 2022, quando a capitalização de mercado da Tesla chegava a ser quatro vezes maior que a da Toyota.
O preço das ações da Toyota subiu 93% no último ano até terça-feira (2), o maior ganho entre as principais montadoras do mundo em moeda local.
A Honda Motor subiu 53% durante o mesmo período e a Stellantis 46%. A líder chinesa em veículos elétricos, BYD, caiu 12% e a Tesla, 19%. A Toyota também superou em muito o crescimento do índice Nikkei, a referência da Bolsa de Valores de Tóquio.
Os fortes lucros da Toyota estão sustentando seus ganhos no mercado de ações. Para o ano fiscal de 2023, encerrado em 31 de março, a empresa previu um lucro líquido consolidado recorde de 4,5 trilhões de ienes – um aumento de 84% em relação ao ano fiscal de 2022.
O resultado projetado cresceu em 550 bilhões de ienes em fevereiro, em resposta à recuperação da produção após percalços durante a pandemia de covid-19, ao iene fraco e aos aumentos de preços. Este seria o primeiro lucro líquido da Toyota acima de 4 trilhões de ienes e seu primeiro recorde histórico em dois anos.
Os veículos híbridos comuns da Toyota estão vendendo bem. As vendas aumentaram 31% no ano, para 3,42 milhões de unidades em 2023. A quota de mercado global da Toyota em híbridos aumentou para cerca de 60%, graças à popularidade duradoura do veículo utilitário esportivo híbrido RAV4 na América do Norte e na Europa.
Enquanto as vendas de veículos elétricos estão perdendo tração, a atenção dos consumidores está se virando para híbridos acessíveis e eficientes em termos de combustível – uma tendência que está beneficiando a Toyota.
A montadora reduziu o custo de seus sistemas híbridos para um sexto daquele do Prius de 1997, o primeiro carro híbrido produzido em massa do mundo. Os híbridos agora geram mais lucro para a empresa do que os veículos movidos a gasolina.
Ao mesmo tempo, a Toyota está trabalhando pelos veículos elétricos. As suas vendas mais do que quadruplicaram no ano, para 104.000 unidades em 2023, mas ainda representaram apenas 1% do volume total de vendas, incluindo a marca de luxo Lexus.
A linha de veículos elétricos da Toyota abrange quase 10 modelos, como o bZ4X e o bZ3, mas os preços elevados e as preocupações com a sua gama prejudicaram sua vantagem competitiva.
O grupo Toyota como um todo ficou em 24º lugar no mundo em termos de vendas de veículos elétricos no ano passado, de acordo com a MarkLines. Este número está acima do 28º lugar do ano anterior, mas fica bem aquém do líder Tesla, que vendeu 1,8 milhão de elétricos, do vice-campeão BYD, com 1,57 milhão de unidades, e do terceiro colocado Volkswagen com 770 mil.
A Toyota continua avançando com sua estratégia de veículos elétricos. A montadora planeja lançar 10 novos modelos até 2026, com a meta de vender 1,5 milhão naquele ano e 3,5 milhões em 2030.
Os elétricos serão lançados em 2026 serão fabricados através de um processo de produção totalmente redesenhado. A Toyota planeja reduzir pela metade o número de etapas do processo de fabricação, bem como o investimento na fábrica.
A chave para esse plano será a gigacasting, uma forma de fundição de alumínio que combina vários componentes em uma peça grande. A Toyota planeja dividir os carros em partes dianteiras, centrais e traseiras, e fazer as seções dianteira e traseira com gigacasting.
Um protótipo de seu equipamento de gigacasting condensou 86 componentes e 33 etapas de produção em uma única peça e uma única etapa, segundo a Toyota.
O desenvolvimento de baterias de estado sólido está ganhando força e a Toyota pretende colocá-las em veículos em 2027 ou 2028. A empresa planeja desenvolver baterias de estado sólido que possam ser carregadas em menos de 10 minutos e mais que o dobro da autonomia, para cerca de 1.200 quilômetros.
As baterias de estado sólido “serão capazes de atender a diversas necessidades, desde carros esportivos até veículos comerciais”, disse Sato.