Todos os diplomatas mexicanos que atuam na embaixada do México em Quito deixarão o Equador neste domingo com suas famílias. A decisão vem após a invasão da sede diplomática do país norte-americano na noite de sexta-feira (5) e o rompimento das relações entre os dois países.
“Por instrução do presidente Andrés Manuel López Obrador, estamos coordenando o retorno de todo nosso pessoal diplomático credenciado no Equador, junto a suas famílias”, disse, em um pronunciamento televisivo, a ministra mexicana das Relações Exteriores, Alicia Bárcena.
Segundo ela, o grupo de 18 pessoas viajará de Quito para a Cidade do México em um voo comercial. A embaixada mexicana no país ficará fechada por tempo indeterminado, assim como os serviços consulares no Equador.
“O México reitera sua condenação à violação da imunidade de sua embaixada em Quito e à agressão a sua equipe”, protestou a ministra em relação ao ataque à sede diplomática do país para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, condenado duas vezes por corrupção.
Na invasão de surpresa para efetuar a prisão na noite de sexta, a Polícia do Equador pulou o muro da embaixada e, diante da resistência de que Glas fosse levado, o chefe da missão mexicana, Roberto Canseco, chegou a ser jogado no chão por agentes de segurança.
O episódio gerou repúdio generalizado da comunidade internacional. Praticamente todos os países da América do Sul condenaram a violação da Convenção de Viena, que garante a inviolabilidade dos locais das missões diplomáticas por parte de Estados receptores.
Em nota, o Itamaraty condenou “nos mais firmes termos a invasão” e afirmou que “a medida levada a cabo pelo governo equatoriano constitui grave precedente, cabendo ser objeto de enérgico repúdio, qualquer que seja a justificativa para sua realização”.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, disse estar “alarmado” pela entrada à força dos corpos de segurança equatorianos na embaixada mexicana e fez um chamado a respeito do “princípio de inviolabilidade dos locais e do corpo diplomático e consular”, de acordo com o direito internacional. Para o representante da ONU, a violação deste princípio “coloca em perigo” as relações internacionais”.
A Organização dos Estados Americanos, por sua vez, afirmou que “rejeita qualquer ação que viole ou coloque em risco a inviolabilidade das premissas de missões diplomáticas e reitera a obrigação de todos os Estados de não invocar normas de legislação doméstica para justificar o não acatamento de suas obrigações internacionais”.