O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), evitou fazer juízo de valor sobre o fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter passado duas noites na embaixada da Hungria, em Brasília, em fevereiro, logo após ter seu passaporte apreendido. A informação foi revelada nesta segunda-feira (25) pelo jornal “The New York Times”.
“Cabe ao próprio ex-presidente da República Jair Bolsonaro poder dar as explicações devidas, porque, de fato, é muito importante que a sociedade possa esclarecer essas circunstâncias”, emendou.
Indagado sobre Bolsonaro ter dormido na embaixada por dois dias, o presidente do Senado repetiu que isso precisa ser apurado e defendeu que “não se pode fazer ilação” sobre o assunto. “Se isso tem um significado jurídico para uma investigação, isso vai ser apurado pelas autoridades. É muito difícil da minha parte, do Poder Legislativo, poder fazer um exame de prova e uma valoração de circunstâncias”, considerou.
A reportagem do jornal “The New York Times” teve acesso às imagens de quando Bolsonaro esteve por duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, entre os dias 12 e 14 de fevereiro, depois de ter sido alvo de operação da Polícia Federal, no dia 8 de fevereiro, sobre suposta tentativa de golpe de Estado. Na operação da PF, Bolsonaro teve seu passaporte apreendido.
Ex-presidente procurou a embaixada da Hungria, país governado pelo aliado Viktor Orbán. Caso fosse alvo de um pedido de prisão, na ocasião, ele não poderia ser preso uma vez que a lei brasileira não tem jurisdição sobre o território de embaixadas estrangeiras. A defesa de Bolsonaro, por meio de nota, disse que a estada no local foi a convite do governo húngaro.
Nesta segunda-feira (25), Pacheco também evitou opinar sobre a situação dos suspeitos de terem sido os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Entre os nomes que foram presos no último domingo (24) por suspeita de envolvimento no crime, está o deputado Chiquinho Brazão (RJ), expulso do União Brasil.
“Essa é uma questão que, como todo cidadão responsável desse país, dá um sentimento de real esperança e expectativa de que a verdade real sobre esse caso possa aparecer e aqueles que sejam responsáveis diretos e diretos, intelectuais ou não, por esse crime bárbaro, contra a democracia, de uma parlamentar no exercício do seu mandato e do seu motorista também, que venha essa verdade à tona e que os responsáveis sejam submetidos a julgamento”, disse Pacheco.
Sobre haver um parlamentar envolvido, o presidente do Senado avaliou que não lhe cabe fazer comentários antes do término das investigações, mas, ao mesmo tempo, lamentou.
“Não me cabe fazer comentários em relação a esse caso concreto. É evidente que toda a situação que envolve o parlamentar e que o faz protagonista de algo parecido com isso é algo, evidentemente, que nós lamentamos e esperamos que a questão seja esclarecida. Com culpa ou inocência, isso cabe ao processo dizer, é muito importante que a verdade real venha à tona”, afirmou.
“Evidentemente, que esses problemas com deputados, senadores ou deputados federais, parlamentares de modo geral, é realmente algo que ninguém de nós deseja”, acrescentou.